As 10 Qualidades da maturidade espiritual:
1) Não idealismo - O coração amadurecido não é perfeccionista;
repousa na compaixão do nosso ser e não nos ideais da mente. A espiritualidade
não idealista não busca um mundo perfeito; não busca aperfeiçoar a nós mesmos,
o nosso corpo, a nossa personalidade. Ela não é romântica com relação aos
nossos mestres ou com relação a uma iluminação baseada nas imagens da imensa
pureza de algum ser especial "lá no alto". Portanto, ela não busca
ganhar ou conquistar alguma coisa na vida espiritual; busca apenas amar e ser
livre.
2) benevolência - Ela é baseada sobre uma noção fundamental
de auto-aceitação, e não de culpa, de censura ou de vergonha pelos atos
inadvertidos que comentemos ou pelos medos que ainda permanecem dentro de nós. Ela
compreende que a abertura exige o sol quente da bondade. É fácil demais
transformar a espiritualidade e a religião em "dever implacável". Da
auto-aceitação cresce uma compreensão compassiva. Somos solicitados a tocar com
misericórdia as muitas partes de nós mesmos que negamos, suprimimos ou
isolamos. A espiritualidade amadurecida é um reflexo da nossa profunda gratidão
e capacidade de perdoar.
3) Paciência - A paciência permite-nos viver em
harmonia. A maturidade espiritual
compreende que o processo de despertar atravessa muitas estações e ciclos. Pede
o nosso mais profundo compromisso; pede que "tomemos o único assento"
em nosso coração e nos abramos a todas as facetas da vida. A verdadeira
paciência não é vender ou se apoderar de alguma coisa; ela não busca nenhuma
conquista. A paciência permite que nos abramos àquilo que está além do tempo.
Buda dizia que o despertar é atemporal. Despertar não é uma questão de semanas,
de anos ou vidas, mas sim um desabrochar amoroso e paciente no mistério neste
exato momento. O problema com a palavra consciência, é que ela implica que
estamos esperando que algo melhore, estamos esperando pela vinda de alguma
coisa boa. Uma palavra mais acurada para esta qualidade é a constância - a
capacidade de estar com o que é verdadeiro, momento a momento, para descobrir a
iluminação momento após momento. De modo mais profundo, quer dizer que o que
buscamos é o que somos, e isso está sempre presente.
4) Imediação - O despertar espiritual é encontrado na nossa
própria vida aqui e agora. Na tradição zen, dizem: "depois do êxtase, a
lavanderia". Ela busca permitir que o divino brilhe através de todas as
ações. Estados alterados, experiências extraordinárias da mente e grandes A
maturidade espiritual se manifesta tanto no imanente quanto no transcendente. Aberturas
são valorizadas, não por eles mesmos, mas apenas na medida em que nos trazem de
volta à nossa encarnação humana para instruir a nossa sabedoria e aprofundar a
nossa capacidade de compaixão. Mesmo as mais extraordinárias experiências não têm
utilidade alguma, são apenas algo para se deixar ir, a menos que estejam
ligadas a este momento aqui e agora. Os estados espirituais são dignificados
quando aclaram a visão e abrem o corpo e a mente, mas apenas como uma passagem
para retornar ao presente atemporal. O que é encontrado, é encontrado agora. No
presente imediato, a espiritualidade amadurecida nos ajuda a fazer o que
dizemos: a agir, falar e tocar uns aos outros como reflexo da nossa mais
profunda compreensão. descobrimos que a nossa respiração, o nosso corpo e
limitações humanas são uma parte do divino.
5) Sentimento integrado e pessoal do Sagrado - Integrado na
medida em que não cria compartimentos separados na nossa vida, destacando
aquilo que não o é; pessoal, ao honrar a espiritualidade através de nossas
palavras e ações. A prática espiritual integrada e pessoal inclui o nosso
trabalho, o nosso amor, a nossa família e a nossa criatividade, subentende que
o pessoal e o universal estão indissoluvelmente interligados, que as verdades
universais da vida espiritual só podem emergir em cada circunstância particular
e pessoal. O modo como vivemos, essa é a nossa vida espiritual. Um senso
integrado da espiritualidade subentende que, se quisermos trazer luz e
compaixão a este mundo, precisamos começar com a nossa própria vida. Nossa vida
pessoal torna-se a nossa prática pessoal espiritual de modo mais genuíno do que
qualquer conjunto de experiências que tivemos ou qualquer filosofia que adotemos.
6) Questionamento - Em vez de adotar uma filosofia ou seguir
cegamente um grande mestre ou um caminho inevitável, reconhecemos que
precisamos ver por nós mesmos. Essa qualidade de questionar, é a nossa
investigação particular da verdade. Ela é a disposição para descobrir o que é
verdadeiro, sem imitar ou seguir a sabedoria dos outros. Essa investigação
talvez não nos faça ficar mais seguros de nós mesmos, mas ela pode contribuir
para sermos mais honestos com nós mesmos e, assim, tornar nossa prática
espiritual cheia de interesse e vivacidade.
7) Flexibilidade - A maturidade espiritual permite que, como
o bambu, nos movamos com o vendo, respondendo ao mundo com a nossa compreensão
e o nosso coração, respeitando as circunstâncias mutáveis à nossa volta. A
pessoa espiritualmente amadurecida aprendeu as grandes artes de permanecer
presente e de se desapegar. Sua flexibilidade percebe que não existe apenas um
único modo de prática ou uma única tradição espiritual elevada, mas sim que
existem muitos caminhos. Ela percebe que
a vida espiritual não significa a adoção de alguma filosofia, algum conjunto de
crença ou tradições; percebe que a vida espiritual não é uma bandeira a ser
definida em oposição a alguém ou alguma coisa. Trata-se de uma tranqüilidade de
coração que compreende que todos os veículos espirituais são barcos para
cruzarmos o rio em direção à liberdade.
8) Abraçar os opostos - A capacidade de aceitar no coração as
contradições da vida. Quando somos crianças, vemos nossos pais como totalmente
bons, quando nos proporcionam aquilo que queremos; ou como totalmente maus, se
frustram nossos desejos e não agem como gostaríamos que agissem. Um grande
desenvolvimento da consciência das crianças irá, por fim, ajudá-las a ver seus
pais com clareza e a compreender que dentro de uma mesma pessoa existe tonto o
bem quanto o mal, tanto o amor como a raiva, tanto a generosidade como o medo.
Deixamos de buscar pais perfeitos, mestres ou gurus perfeitamente sábios;
deixamos de tentar encontrar aquilo que é totalmente bom em oposição ao que é
totalmente mau; deixamos de separar a vítima do ofensor. Começamos a
compreender que cada aspecto contém o seu oposto.
9) Relacionamento - Estamos sempre nos relacionando com
alguma coisa. É na descoberta de um relacionamento sábio e compassivo com todas
as coisas que encontramos a capacidade para honrá-las a todas. Podemos escolher
o modo pelo qual nos relacionamos com as nossas experiências. A espiritualidade
amadurecida é uma aceitação da vida no relacionamento. Com disposição para nos
relacionarmos com todas as coisas da vida, entramos num espírito de prática
cheio de graça que vê todas as coisas como sagradas. Nossa vida familiar, nossa
sexualidade, nossa comunidade, a ecologia da Terra, a política, o dinheiro -
nosso relacionamento com cada ser e com cada ação torna-se a expressão do
sagrado. Cada ato tem significado e todos os nossos encontros estão
relacionados com a totalidade da nossa vida espiritual. Do mesmo modo, o zelo e
a compaixão com que nos relacionamos com as dificuldades e com os problemas que
encontramos são a medida da nossa prática. A maturidade espiritual honra a
comunidade humana e sua total interconexão. Nada pode ser excluído da nossa
vida espiritual.
10) Simplicidade - Qualidade daquilo que é comum. A
simplicidade é tão somente uma presença neste momento que permite ao mistério
da vida revelar-se. A simplicidade é o caminho que abrimos para o milagre de
todos os dias. Embora possamos honrar a capacidade da consciência para criar
uma variedade infinita de formas, para a simplicidade importa aquilo que está
aqui e agora. Esse é o mistério simples de respirar e de andar, o mistério das
árvores da nossa rua ou de amar alguém próximo a nós. A simplicidade não está
baseada na conquista de estados místicos
ou de poderes extraordinários. Não busca tornar-se algo especial; apenas se
esvazia e ouve. A simplicidade da vida espiritual surge de um coração que
aprendeu a confiar, surge da gratidão pelo dom da vida humana. Quando somos
apenas nós mesmos, sem pretensão ou artifícios, estamos em repouso no Universo.
Nessa simplicidade não existe superior ou inferior, nada para consertar, nada
para desejar, existe somente uma abertura para amar e compreender as alegrias e
os sofrimentos do mundo. Esse simples amor e compreensão trazem bem estar e paz
de coração em todas as situações. Trata-se da descoberta de que a salvação está
no que é simples. Assim como a água, que acha seu caminho por entre as pedras
ou as desgasta aos poucos e, gradualmente, desce para retornar ao oceano, assim
essa simplicidade nos conduz ao repouso.
Um Caminho com o Coração
Um Caminho com o Coração