Abandono - libertação
Com a finalidade de reorientar as forças da alma para a
saúde e de restabelecer sua verdadeira natureza, você deve adotar o seguinte:
abandone a pessoa ou as pessoas que você espera que realizem sua vida e de quem
ao mesmo tempo se ressente por esse mesmo fato.
Você deve reconhecer que tem expectativas e exige dos
outros coisas que somente você pode realizar. Tudo o que você almeja, incluindo
o amor verdadeiro, pode manifestar-se apenas quando sua alma é audaz, e você
sabe que a força dos sentimentos com que você pode dar e receber amor está
dentro de você. Enquanto você se agarra a outra pessoa como uma criança,
negando o adulto que é, você se escraviza no verdadeiro sentido da palavra.
Quanto mais faz isso, menos você pode receber e dar, e menos os sentimentos
verdadeiros de qualquer espécie ligados a qualquer experiência vital podem
encontrar seu espaço dentro de você.
Visto que o medo e a raiva ocupam a maior área da sua
psique, é essencial libertar essas emoções negativas de acordo com o método que
você aprende no caminho; esse método não prejudica ninguém. Logo que você
libera o medo e a raiva, imediatamente abre espaço para os bons sentimentos.
Muitos ainda estão paralisados e fechados em si mesmos. Expressar medo e raiva
é a última coisa que querem fazer. Mesmo que, em princípio, admita tais emoções
negativas, você prefere representá-las inconscientemente em vez de expressá-las
diretamente e assumir responsabilidade por elas. Você ainda reivindica uma
perfeição falsa - embora não mais acredite realmente que ela exista em você -
com o objetivo de induzir os outros a terem uma disposição favorável com
relação a você. Além disso, você se agarra às emoções negativas porque tem medo
dos sentimentos positivos. Este é outro aspecto do mesmo círculo vicioso.
Quanto menos você assume a responsabilidade pelos
sentimentos negativos que ainda possui e pelo seu direito e capacidade de criar
a felicidade, mais você vive no medo. Conseqüentemente , mais você deve fazer
alguma coisa para eliminar esse medo. Assim é que surge a motivação negativa.
Você vive uma vida paliativa de fuga em vez de criar uma vida que se desenvolva
plena de experiência e prazer positivos. Sua meta é evitar a ameaça da
expressão de seus sentimentos negativos porque eles impediriam que você
obtivesse de outros tudo o que na verdade deve obter de você mesmo. Você põe
sua salvação nos outros, mas ela jamais pode vir através deles.
Sua reorientação para a vida - exceção feita à
necessidade fundamental de reconhecer todos esses aspectos negativos - deve
sempre começar com o desejo de libertação. Isto não pode ser forçado sobre quem
não foi conscientizado dessa dependência de modo exato. Mas se a pessoa está
consciente, é possível que se desvencilhe daquilo a que esteve se agarrando tão
fortemente. esse afrouxamento deve acontecer para provocar uma mudança na
estrutura de equilíbrio das forças da alma que círculos benignos possam começar
a perpetuar-se.
Você também deve ter a disposição de prescindir das
racionalizações que parecem justificar seu caso. Pois você sempre pode ter
êxito em apresentar sua vida a você mesmo e às outras pessoas como se seus
desejos, necessidades e exigências com relação aos outros não apenas se
justificassem, visto que não há nada de errado com isso, mas como se fossem até
benéficos para a outra pessoa. Isto pode ser bem verdade, enquanto se analisar
sob este ponto de vista. Em princípio, o que você quer, pode ser de fato bom e
de acordo com seu direito. Mas ao usar uma corrente de pressão oculta,
emocional, você sai por aí em busca de satisfação de modo errado e não
concedendo à outra pessoa a mesma liberdade que quer para você mesmo. Você não
dá à outra pessoa o direito de escolher livremente a quem aceitar e amar ou o
direito de não ser rejeitada e odiada por afirmar essa liberdade. Você nem
sequer dá ao outro o direito de estar errado sem ser odiado e totalmente
negado. Esta é uma liberdade que você deseja, e muito, para você mesmo, e se
ressente profundamente quando os outros a negam a você. Você é incapaz de
defender-se adequadamente em tais casos
apenas porque em certos níveis emocionais não concede essa mesma liberdade aos
outros. Se observar com atenção, você verá que esta é uma verdade. E ao fazer
isso, seu senso de justiça e de objetividade o ajudará a soltar-se daquilo a
que se agarra tão desesperadamente, mesmo quando emocionalmente ainda acredita
que sua vida está na dependência de conseguir que o outro sinta e faça como você
quer.
Eva Pierrakos
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