Equilíbrio
Na vida saudável de todo ser humano deve haver troca,
intimidade, comunicação, partilha, amor mútuo, prazer mútuo, o dar e o receber
afeto e abertura. Ainda, todo ser humano precisa de reconhecimento pelo que
faz. Mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma
maneira sadia e depender do reconhecimento exterior a ponto de tornar-se
incapaz de viver sem ele o tempo todo.
Neste último caso, o eu começa a sacrificar sua
integridade de maneiras trágicas que custam cada vez mais. O Eu verdadeiro é
então traído e a busca de reconhecimento frustra a si mesma. Esse caminho
dispõe de instrumentos para encontrar o seu centro, a realidade espiritual
interior, profunda, e não uma fuga religiosa ilusória. Bem ao contrário, esse
caminho é enormemente pragmático, porque a verdadeira vida espiritual nunca
está em contradição com a vida prática na Terra. Deve haver harmonia entre
esses dois aspectos do Todo. Renunciar ao viver diário não é espiritualidade
verdadeira. Na maioria dos casos, é simplesmente outro tipo de fuga. Para
muitos, é mais fácil sacrificar algo e punir a si mesmos do que encarar e lidar
com seus aspectos sombrios. A culpa por estes últimos é incessantemente expiada
por auto privações que supostamente se constituem em portas para o céu.
Entretanto, essa culpa não pode ser eliminada a não ser que a personalidade se
relacione diretamente com a escuridão interior. Nesse caso, o sacrifício e a
privação se tornam não apenas desnecessários, mas até mesmo contraditórios para
o verdadeiro desenvolvimento espiritual. O Universo é abundante em satisfações,
prazer e felicidade: os seres humanos
devem vivê-los, e não renunciar a eles. Nenhuma quantidade de renúncia
extinguirá a culpa por evitar a purificação da alma.
Eva Pierrakos
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