2 de mar. de 2012

Diálogo da Alma com Deus (By Michelle Ayres)


Certa vez, uma Pequena Alma disse a Deus:
- Eu sei quem eu sou.
E Deus disse:
- Isso é maravilhoso! Quem é você?
E a Pequena Alma gritou:
- Eu sou Luz!
E Deus sorriu.
- É isso mesmo! - exclamou Deus. – Você é Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
- Uauu, isto é mesmo bom! - disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe bastava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro e agora queria “ser” quem era. Então foi falar com Deus (o que não é má idéia para qualquer alma que queira saber Quem Realmente É) e disse:
- Olá Deus! Agora que “sei” quem sou, posso “ser” quem sou?
E Deus disse:
- Quer dizer que você quer “ser” quem você já “é”?
- Bem, uma coisa é “saber” quem sou, e outra coisa é “ser” quem sou. Quero sentir como é ser a Luz! - respondeu a pequena Alma.
- Mas você já é Luz - repetiu Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas quero sentir isto! Gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho que já era de esperar. Você sempre foi aventureira - disse Deus sorrindo. Depois a sua expressão mudou.
- Há... Só uma coisa...
O quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Bem, nada existe além da Luz. Porque eu não criei algo além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil se experimentar como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.
- Hã? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa assim: Você é como uma vela ao Sol. Você está lá sem dúvida. Você e mais milhões, zilhões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. Não seria um sol sem uma das suas velas... E isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. Por isso, como poderá conhecer-se como Luz quando está no meio da Luz - eis a questão.
- Bem, você é Deus. Pense em alguma coisa! Disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei. Já que não pode ver-se como a Luz quando está na Luz, vamos te rodear de escuridão - disse Deus.
- O que é a escuridão? Perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo que você não é - replicou Deus.
- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.
- Só se assim você escolher. Na verdade nada há a temer, a não ser se assim você decidir. Porque estamos inventando tudo. Estamos fingindo.
- Ah! - disse a Pequena Alma, sentindo-se melhor.
Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem que parecer exatamente o oposto.
- É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como o “nada” é, disse Deus. Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, - continuou Deus - quando você estiver rodeada pela escuridão, não levante o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão.
"Seja uma Luz na escuridão e não fique furiosa com ela. Então saberá Quem Realmente você É e os outros também o saberão. Deixe que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!"
- Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? - perguntou a Pequena Alma.
- Claro! - Deus sorriu - Claro que podes! Mas lembre-se que "especial" não quer dizer "melhor". Todos são especiais, cada qual à sua maneira. Só que muitos se esqueceram disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando enxergarem que você pode ser especial.
- Uau - disse a Pequena Alma, dançando e saltando, rindo e pulando.
- Posso ser tão especial quanto quiser?
- Sim e podes começar agora mesmo - disse Deus, também dançando, saltando, rindo e pulando junto com a Pequena Alma. - Que maneira especial você quer ser?
- Que maneira especial? - repetiu a Pequena Alma. - Não estou entendendo.
- Bem, - explicou Deus - ser a Luz é ser especial e ser especial tem muitas maneiras. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Você conhece alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.
- Conheço imensas maneiras de ser especial! - exclamou a Pequena Alma - É especial ser prestativo. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
- Sim - concordou Deus - E você pode ser todas essas coisas ou de qualquer outra maneira especial que queira ser a qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! - proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. - Quero ser a maneira especial chamada "perdão". Não é “ser especial” alguém que perdoa?
- Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar- me assim - disse a Pequena Alma.
- Bom, mas há uma coisa que deve saber - disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.
- O que é? - suspirou a Pequena Alma.
- Não há alguém a quem perdoar.
- Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! - repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que você. Olhe à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que tinha se aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados - de todo o Reino - porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava tendo uma conversa extraordinária com Deus e todas queriam ouvir o que eles estavam conversando.
Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas e suas Luzes brilhavam tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
- Então, perdoar quem? - perguntou Deus.
- Bem, isto parece ser uma piada! - resmungou a Pequena Alma - Eu queria experimentar- me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa maneira especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:
- Não se preocupe Pequena Alma, eu vou te ajudar - disse a Alma Amiga.
- Vai? - a Pequena Alma animou-se. - Mas o que é que você pode fazer?
- Ora, posso ser o alguém a quem possa perdoar!
- Pode?
- Claro! - disse a Alma Amiga alegremente. - Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para que você possa me perdoar.
- Mas porquê? Porque é que você faria isso? - perguntou a Pequena Alma. - Você, que é um ser tão absolutamente perfeito! Você, que vibra a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhá-la. O que a levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e embaçada? O que faria você, que dança sobre as estrelas e se move pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e se tornar tão pesada a ponto de fazer algo mal?
- É simples - disse a Alma Amiga – Posso fazer porque te amo.
A Pequena Alma ficou surpreendida com a resposta.
- Não fique tão espantada - disse a Alma Amiga – Você já fez o mesmo por mim. Não se lembra? Ah, nós já dançamos juntas, você e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos lugares. Só que você não se lembra. Já fomos ambas, o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau - fomos ambas a vítima e o vilão. Encontramo-nos muitas vezes, você e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.
- E assim, - a Alma Amiga explicou mais um bocadinho - eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a "má" desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível e então você poderá experimentar- se como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que você vai fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
- Oh, havemos de pensar em alguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria e disse numa voz mais calma:
- Você tem razão acerca de uma coisa, sabe?
- Sobre o quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter que abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa “não muito boa”. Vou ter que fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.
- Oh, qualquer coisa, o que você quiser - exclamou a Pequena Alma e começou a dançar e cantar: - Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
- O que foi? - perguntou a Pequena Alma. - O que é que eu posso fazer por você? Você é um anjo por estar disposta a fazer isto por mim!
- Claro que esta Alma Amiga é um anjo! - interrompeu Deus, - todas são! Lembre-se sempre: Não te enviei senão anjos.
E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é que posso fazer por você? - perguntou novamente a Pequena Alma.
- No momento em que eu te atacar e te atingir, - respondeu a Alma Amiga - no momento em que eu te fizer a pior coisa que possa imaginar, nesse preciso momento...
- Sim? - interrompeu a Pequena Alma - Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
- Lembre-se de Quem Realmente Sou.
- Oh, não me esquecerei! - gritou a Pequena Alma - Prometo! Lembrar-me-ei sempre de você tal como a vejo aqui e agora.
- Que bom, - disse a Alma Amiga - porque, você sabe, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria vou me esquecer. E se você não se lembrar de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, você pode esquecer-se de Quem você É e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar, às duas, de Quem Somos.
- Não vamos, não! - prometeu outra vez a Pequena Alma. - Eu vou lembrar-me de você! E vou te agradecer por esta dádiva - a oportunidade que você me dá de experimentar- me como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão.
E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão e por agradecer a qualquer outra alma que tornasse isso possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza - principalmente se trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.
Lembre-se sempre, - Deus aqui sorriu - não te enviei senão anjos. 
do Livro: “The Little Soul and The Sun”



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