26 de jul. de 2015

Quando o Amor não é Suficiente (Joan Garriga)

Pérola de leitura sugerida pela amiga Psicoterapeuta Luciana Zanon a cerca dos Relacionamentos. No Campo das Constelações Familiares Interdimensionais de 25 de julho.
Quando o Amor não é Suficiente (Joan Garriga)
Conta uma fábula sufi que um jovem chamado Nasrudin chegou a uma aldeia depois de muitas horas de travessia por caminhos empoeirados. estava com calor e sedento. Encontrou um mercado e ali viu umas frutas vermelhas desconhecidas, mas aparentemente deliciosas e suculentas. Ficou com água na boca. Foi tanto seu júbilo que comprou cinco quilos. Procurou a sombra de uma boa árvore em uma madrugada tranquila e começou a comer as frutas. Á medida que comia, sentia um calor mais e mais intenso no rosto e no resto do corpo. Começou a suar copiosamente, o seu rosto e sua pele ficaram de um vermelho vivo. Mas ele continuou comendo. Uma pessoa passou ao seu lado e, surpresa, perguntou:
- Por que está comendo tanta pimenta com este calor tão terrível?
E Nasrudin respondeu:
- Não estou comendo tanta pimenta, estou comendo meu investimento.
Com freqüência as pessoas comem seu "investimento" no relacionamento, mesmo que caia mal, mesmo que a relação seja equivocada ou desvitalizante. Entretanto, o mais prudente e positivo pode ser abandonar o empenho, saber soltar-se, depor as armas, reconhecer os sinais de tensão do corpo quando o que vivemos não nos causa mais satisfação nem nutre o (a) parceiro (a). Porque um relacionamento mantém seu sentido enquanto continua sendo nutritivo, criativo, um campo adubado para acolher os movimentos da alma profunda de seus membros; mas perde-o quando não é assim. Nesse caso, é preciso enfrentar, cedo ou tarde, a ruptura. E a coragem e a arte para a ruptura são tão cruciais quanto a coragem e a arte para a união. É preciso render-se, soltar o lastro, desapegar-se, aceitar. Aqui render-se significa deixar-se levar por uma vontade maior que a própria, um destino maior, para que a dor seja possível e nos dirija para outra direção. Render-se é o ato mais humano de todos, porque nos ensina os limites, aquilo que nos é possibilitado e aquilo que nos é negado; aquilo que não é possível apesar do amor e aquilo que é possível além do amor.
Em quase todos os relacionamento podemos rastrear a presença do amor em alguma das suas manifestações: paixão, ternura, desejo, amizade, decisão, cuidado, admiração, compromisso...Quantos mais forem possíveis e se integrarem e encontrarem vida no relacionamento, melhor. Contudo, para atingir o bem-estar e a estabilidade na relação, para que haja felicidade, só o amor não é suficiente. De fato, a maioria dos casais se separa apesar do amor, apesar de se quererem, pois acontece de não encontrarem maneiras de administrar seu amor de maneira que resulte em felicidade, Muitos assuntos influenciam nisso: caminhos pessoais legítimos, mas divergentes, destinos muito definidos em um dos dois ou em ambos (por exemplo, possuir algum talento ou sentir que se tem uma missão pessoal), pautas de relação tortuosas e estilos afetivos conflitantes, limites e implicações na alma das famílias originais, vínculos anteriores que enfraquecem, modelos de relacionamento de nossos antecessores que continuamos imitando, mesmo que já não sirvam, fatos sobre o companheiro que ainda não se conseguiu integrar etc.


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