7 de mar. de 2016

Sem Fronteiras para o Sagrado

Ouvimos falar sobre transcender nosso ego ou procurar alcançar a pureza e os estados divinos além do desejo, além do corpo; aprendemos que a iluminação é alcançada através da renúncia; acreditamos que ela está em algum lugar além de nós mesmos, fora de nós mesmos. Infelizmente, a noção de alcançar uma morada pura e divina ajusta-se muito bem a quaisquer tendências neuróticas, medrosas ou idealistas  que possamos ter. Consideramo-nos impuros, indignos ou sem valor, podemos usar as práticas espirituais e as noções de pureza para escapar de nós mesmos. Seguindo rigidamente preceitos e formas espirituais, talvez esperemos criar uma identidade espiritual pura.
Na Índia, isso é chamado de Algema Dourada. Não é uma algema de ferro, mas sempre é uma algema.
O Mestre Tibetano Chogyam Trungpa Rimpoche advertiu sobre esse "materialismo espiritual", aod escrever como podemos imitar as formas externas da prática espiritual, seus costumes, crenças, cultura e meditações, para fugir do mundo ou para proteger o nosso ego.
Para a maioria de nós que sofremos traumas e grande dor na vida, a prática espiritual talvez pareça oferecer uma saída, um modo de abandonar completamente os nossos problemas com esse corpo e mente, de escapar à dor da nossa história e à solidão da nossa existência. Quanto mais  glorificada a visão espiritual, mais ela se adapta àqueles dentro de nós que não querem mesmo estar aqui. Nas profundezas da escuta silenciosa, muitos discípulos da meditação descobriram que, desde o começo, sua experiência de vida foi tão dolorosa que eles não queriam ter nascido, não queriam estar aqui em um corpo humano. Eles procuram a espiritualidade para oferecer a si próprios uma saída. Mas, para onde nos levarão as noções de pureza, as noções de ir além ou de transcender nosso corpo, nossos desejos mundanos, nossas impurezas? Levam-nos realmente à liberdade ou apenas fortalecem a aversão, o medo e a limitação?
Onde será encontrada a libertação? Buda ensinou que tanto o sofrimento humano quanto a iluminação humana são encontrados na sondagem do nosso próprio corpo, com seus sentidos, com sua mente. Se não for aqui e agora, onde mais nós a encontraremos?
Kabir, o poeta místico indiano, diz:
Amigo, espera pela verdade enquanto estás vivo.
Mergulha na experiência enquanto estás vivo!...
Aquilo que chamas "salvação" pertence ao tempo que precede a morte.
Se não romperes tuas amarras enquanto estás vivo,
achas que os fantasmas o farão depois?
A idéia de que a alma se unirá ao extático
só porque o corpo apodreceu...
é fantasia e nada mais.
O que é encontrado agora, então será encontrado.
Se nada encontras agora, simplesmente acabarás com
um apartamento vazio na Cidade da Morte.
Se fazes amor com o Divino agora, na próxima vida
trarás na face o desejo satisfeito.
Temos apenas o agora; dia e noite temos diante de nós apenas esse simples e eterno momento que se abre e desabrocha. Ver essa verdade  é perceber que o sagrado e o secular não podem ser separados. Mesmo as mais transcendentes visões da espiritualidade devem irradiar-se através do aqui e agora e ser integradas à vida no modo como caminhamos, nos alimentamos e amamos uns aos outros.
Isso não é fácil. O poder do nosso medo, os hábitos de julgamento que existem dentro de nós estão sempre impedindo-nos de tocar o sagrado. Muitas vezes, de modo inconsciente, fazemos com que nossa espiritualidade seja trazida de volta para as polaridades do bem e do mal, do sagrado e do profano. recriamos, sem saber, padrões do início da nossa vida, padrões que nos ajudaram a sobreviver à dor, aos traumas e às disfunções experimentados por muitos de nós quando crianças. Se o medo fazia com que nossa estratégia fosse "fugir", talvez usemos a nossa vida espiritual para continuar a fugir, agora alegando que renunciamos à vida. Se, quando crianças, nossa defesa contra a dor era "um mundo de fantasias", talvez busquemos uma vida espiritual cheia de visões para perder-nos nelas. Se tentávamos evitar censuras sendo bons, podemos repetir isso tentando ser espiritualmente puros ou santos. Se compensávamos a solidão e os sentimentos de inadequação sendo compulsivos ou nos deixando conduzir, nossa espiritualidade poderá refletir esses estados. O que termos feito é pegar nossa espiritualidade e usá-la para continuar a dividir a vida.

As paredes dos nossos compartimentos são feitos de medos e de hábitos, de idéias que temos sobre o que deveria ser ou não, sobre o que é espiritual e o que não é. Como alguns aspectos específicos da nossa vida nos esmagam, erguemos paredes para isolá-los. Na maioria das vezes, não emparedamos os grandes sofrimentos universais do mundo à nossa volta, como a injustiça, a guerra ou a intolerância, mas a nossa dor pessoal e imediata. temos medo das coisas pessoais porque elas nos atingiram e feriram muito profundamente; são elas que precisamos examinar para poder compreender esses compartimentos. Só quando tomarmos consciência dessas grandes paredes no nosso coração é que poderemos desenvolver uma prática espiritual que nos abra para a totalidade da vida.
Um Caminho com o Coração (Jack Kornfield)



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