Das Criações do Amor: Jonh Bradshaw (um estudo de caso)
Eve está casada há trinta e um anos. Seu marido é um
alcoólatra mulherengo. Ele já lhe disse que não a ama, que só fica com ela
porque não pode pagar um divórcio. Perguntei-lhe por que continuava com ele.
Ela respondeu: “Porque o amo”.
Eve está iludida. Ela realmente acredita que o ama.
Para demonstrar sua ilusão, digo-lhe que o que ela chama
de amor não é amor. Meu trabalho é desmistifica-la, fazer ruir uma crença
mágica que já fez o bastante para mata-la psicologicamente. É uma crença
perigosa. Ela a aprendeu na família e na igreja. Amar significa desistir das
suas próprias necessidades, sentimentos e desejos. O amor é a completa
autonegação e sacrifício. Eve viu essa crença modelada pela avó, pela mãe e por
duas tias. Elas lhe mostraram como uma boa mulher cristã amorosa deve se
comportar: afirmaram que este era um papel na vida especialmente feminino, e
que Deus dá às mulheres um lugar especial no céu por cumprirem seu dever
feminino.
Sua noção de amor tinha uma porção de compensações; por
isso era tão difícil abandoná-la.
A humilhação e o rebaixamento que Eve se sujeitava,
criaram um tipo de grandiosidade inversa. A sua vida de martírio lhe trouxe a
admiração e recursos narcisísticos que lhe haviam faltado na infância.
Tudo o que Eve estava fazendo se destinava a aumentar sua
própria auto estima. Ela tinha comportamentos de auto engrandecimento e de
alteração emocional para evitar as escolhas dolorosas que teria que fazer caso
se entregasse à dor e à solidão de sua vida. Encarar a dor, a solidão e a raiva
a levaria a alguma ação.
Eve também precisa do ódio que sente por si mesma. Está é
a ferida mais profunda que carrega todos os seus comportamentos viciosos
encobrem essa moléstia central. Se Eve amasse a si mesma, não se permitiria
suportar essa vida horrível. Ela parece paralisada com o desespero. O desespero
é a antítese direta da fé vibrante que Eve professa com tanta humildade.
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