As crianças precisam que suas emoções sejam reconhecidas, nomeadas e afirmadas. Um dos maiores avanços nos últimos tempos, é o nosso entendimento da primazia das emoções.
A primeira coisa que notamos numa criança é a emoção.
Ela pode estar assustada, sorrindo, interessada, alegre,
curiosa, chorando ou zangada.
A teoria popular de que todas as emoções se baseiam em
pensamentos precisa avançar muito para explicar quais são os pensamentos
deprimentes que os bebês estão tendo quando choram ou ficam zangados. As
crianças não desenvolvem uma lógica consistente até por volta dos 7 anos, mas
são seres emocionais desde o início.
Uma das principais tarefas do desenvolvimento infantil é
ser capaz de reconhecer sentimentos e ficar conectado com seus próprios
sentimentos.
Aprender a diferenciar pensamentos e emoções é uma
importante tarefa pré escolar. Os pais precisam identificar suas próprias emoções
– “Estou triste agora”, “Estou com raiva”, “Estou muito feliz” – e precisam dar
nome às emoções dos filhos – “Vejo e escuto que você está zangado nesse
instante”. Em vez de punir a criança por expressar raiva, devemos reconhecer
essa raiva. Tal como dizer não, a raiva é um limite. Quando a criança está
zangada, está se defendendo. A raiva é a emoção que dirige nossa energia para
quem lutamos pelo que desejamos.
A criança nem sempre pode ter o que quer, mas a sua raiva
precisa ser reconhecida. A raiva é o material das revoluções e da paixão para
confrontar o mal e a injustiça. Sem a raiva a criança se torna capacho e um
puxa-saco conformista, muitas vezes sem lutar por nada. É isso que uma
sociedade pode querer – uma pessoa que obedeça, e não cause agitação.
A raiva é muitas vezes confundida com comportamentos como
bater, destruir propriedade, xingar e praguejar. Esses comportamentos destrutivos
não são iguais ao sentimento da raiva, embora muitas vezes o acompanhem.
Podemos ensinar nossos filhos (e a nós mesmos) a sentir e expressar a raiva sem
agir de maneira destrutiva.
John Bradshaw
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