13 de abr. de 2020

UM DISTÚRBIO HERDADO (Parte 2) - Livro: O Despertar de Uma Nova Consciência – Eckhart Toller (outubro 2005)


Se examinarmos mais detidamente as antigas religiões e tradições espirituais da humanidade, veremos que, por baixo de grande parte das diferenças superficiais que elas apresentam, há duas ideias centrais com as quais a maioria delas concorda.

Embora as palavras usadas para explicar essas ideias sejam diversas, todas remetem a uma verdade fundamental dupla.

A primeira parte, ou o aspecto ruim, dessa verdade é a compreensão de que o estado mental "normal" de quase todos os seres humanos contém um forte elemento do que podemos chamar de distúrbio, ou disfunção, e até mesmo de loucura.

Determinados ensinamentos fundamentais do hinduísmo talvez sejam os que mais se aproximem da ideia de que esse desajuste é uma forma de doença mental coletiva.
Eles o chamam de maya, o véu da ilusão. Ramana Maharshi, um dos maiores sábios indianos, afirma sem rodeios: "A mente é maya."

O budismo emprega termos diferentes. De acordo com Buda, a mente humana no seu estado normal produz dukkha, termo páli que pode ser traduzido como sofrimento, insatisfação ou tristeza, entre outros.
Para ele, essa é uma característica da condição humana. Não importa aonde vamos nem o que façamos, disse o mestre, encontraremos dukkha, e isso se manifestará em todas as situações, cedo ou tarde.

“De acordo com os ensinamentos cristãos, o estado coletivo normal da humanidade é de pecado original”. A palavra "pecado" tem sido incompreendida ao longo dos séculos.
Traduzida de forma literal do grego antigo, idioma em que o Novo Testamento foi escrito originalmente, ela significa errar o alvo, como na situação de um arqueiro que falha em atingir o ponto de mira. Assim, pecar quer dizer errar o sentido da existência humana.
Corresponde a viver de maneira desorientada, cega e, portanto, sofrer e causar sofrimento.

Uma vez mais, essa palavra, despojada da sua bagagem cultural e de sentidos equivocados, indica o distúrbio inerente à condição humana.

As conquistas da civilização são admiráveis e inegáveis. Criamos obras sublimes de música, literatura, pintura, arquitetura e escultura. Mais recentemente, a ciência e a tecnologia
estabeleceram mudanças radicais na maneira como vivemos e nos capacitaram a produzir inventos que teriam sido considerados miraculosos até mesmo 200 anos atrás.

Não há dúvida: a mente humana possui um altíssimo grau de inteligência. Ainda assim, essa inteligência é tingida pela loucura.

A ciência e a tecnologia aumentaram o impacto destrutivo que o distúrbio da mente humana tem sobre o planeta, sobre as outras formas de vida e sobre as próprias pessoas.

Por isso é na história do século XX que essa disfunção, ou essa insanidade coletiva, pode ser reconhecida com mais nitidez. Um fator adicional é que essa perturbação está de fato se intensificando e se acelerando.

A Primeira Guerra Mundial eclodiu em 1914. Lutas destruidoras e cruéis, motivadas por medo, cobiça e desejo de poder, são ocorrências comuns em toda a história da nossa espécie, assim como foram a escravidão, a tortura e a violência disseminada infligidas por motivos religiosos e ideológicos. Os seres humanos sofreram mais nas mãos uns dos outros do que em decorrência de desastres naturais.

Em 1914, a mente humana altamente inteligente inventou não só o motor de combustão interna como também bombas, metralhadoras, submarinos, lança chamas e gases venenosos.
A inteligência a serviço da loucura!

Nas trincheiras estáticas da guerra, milhões de homens pereceram para ganhar alguns poucos quilômetros de lama. No fim do conflito, em 1918, os sobreviventes observaram horrorizados e incrédulo "outros", os "não-crentes" ou "crentes equivocados" - e, algumas vezes, consideravam-se no direito de matá-los.

O homem feito "Deus" na sua própria imagem. O eterno, o infinito, o inominável foi reduzido a um ídolo mental no qual as pessoas tinham de acreditar e que devia ser venerado como "o meu deus" ou "o nosso deus".

E, mesmo assim, apesar de todos os desvarios perpetrados em nome das religiões, a Verdade que elas indicam não deixa de brilhar em sua essência, ainda que fracamente, através de muitas camadas de distorção e interpretação errônea.
E improvável, porém, que alguém seja capaz de percebê-la, a não ser que já tenha tido pelo menos lampejos da Verdade dentro de si.

Ao longo da história, sempre houve indivíduos raros que vivenciaram uma mudança de consciência e, assim, detectaram em si mesmos aquilo que é apontado por todas as religiões. Para descrever essa Verdade não conceitual, eles usaram a estrutura conceitual das suas próprias crenças religiosas.

Por meio de alguns desses homens e mulheres, "escolas", ou movimentos, se desenvolveram dentro de todas as religiões importantes e representaram não só uma redescoberta, mas, em determinados casos, uma intensificação da luz do ensinamento original.
Foi assim que o gnosticismo e o misticismo se estabeleceram nos primórdios do cristianismo e no cristianismo medieval.

O mesmo ocorreu com o sufismo na religião islâmica, com o hassidismo e a cabala no judaísmo, com o advaita vedanta no hinduísmo e com o zen e o dzogchen no budismo.

Quase todas essas escolas eram iconoclastas. Elas se opuseram a numerosas camadas de conceituações e a estruturas mentais enfraquecidas. Por essa razão, a maior parte delas foi vista com suspeita e hostilidade pelas hierarquias religiosas estabelecidas.

Seus ensinamentos, ao contrário das doutrinas da religião principal, enfatizavam a compreensão e a transformação interior.

Foi graças a essas escolas esotéricas que os credos mais importantes recuperaram o poder transformador dos seus preceitos originais - embora na maioria dos casos apenas  poucas pessoas tivessem acesso a elas. Esses movimentos nunca se expandiram o bastante para exercer uma influência significativa sobre a profunda inconsciência coletiva que predominava.

Ao longo do tempo, algumas dessas escolas se tornaram rigidamente formalizadas ou conceitualizadas para permanecerem eficazes.

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